sexta-feira, 27 de março de 2009

Morar sozinho é fácil


Morar sozinho, não é o problema.

Moro com mais quatro homens em um apartamento gigante, e todos nós sabemos como bagunçar (acredite!). Cada um tem seu quarto, e são grandes, e cuidamos para que ele não pareça um chiqueiro (com exceção de dois). Possuímos muita privacidade, e eu cuido do meu quarto, limpo bem, organizo minhas roupas bem. Tenho até uma gaveta no armário onde guardo mantimentos – é um risco desnecessário a se correr deixa-los na cozinha. A organização nas “áreas comuns” é sempre respeitada. Um deles é quem cuida da faxina, e ele a faz muito bem. Inclusive dos dois banheiros!

Apesar disso, moramos sozinhos. Juntos, porém sozinhos. Cada um no seu quarto, no seu mundo, com seus pertences e computadores. Fios de rede dividem a internet banda larga. Dois jogam, um tecla com seus parentes de outro Estado, eu trabalho e cuido do blog, e um terceiro não tem computador... então vive na sala, assistindo TV... sozinho.

Cruzam-se os olhares pelos corredores até os banheiros, até a cozinha ou até a sala. No almoço, às vezes, come-se junto. Quando existe diversão, como uma sessão de narguilé, ou a conversa sobre bobagens na sacada, observando-se o movimento, também ficamos juntos. Mas isso é esporádico. Cada um tem sua vida, seus dramas, seus problemas.

Eu moro sozinho, muito bem. Cuido do meu quarto, faço minha comida, limpo o espaço que for preciso – inclusive banheiros. Assisto TV, dou risada sozinho, canto, danço, pratico Wu Qin Chi, trabalho em meu computador. Me cuido também... agora, por exemplo, jantei, fiz minha (pouca e rala) barba, passei um creme anti-acne, trabalhei e sinto os efeitos do sono batendo em minha porta. É uma sexta-feira, meus amigos viajando (voltam apenas amanhã), e eu poderia estar desesperado pra sair e beber. Mas não estou.

Eu moro sozinho muito bem. O difícil é viver sozinho...

Selos

Outro selo... e dessa vez, é especial.

O selo veio do blog "A Sombra do Mar", da Cah. Um espaço muito delicioso de se ler, e que assim como o próprio selo indica, “vale ler de novo”, e sempre.

Bem, seguindo as regrinhas (indicar para outros blogs), indico-o para o “Diário de uma Delta-Menos”, e para o “Defenestrando”. O motivo é simples (embora chamem de puxasaquismo, já que os indiquei para outros selos): são blogs que você pode ler, reler, re-reler, re-re-reler, e eles sempre estarão atuais. Você pode fuçar lá embaixo na lista de postagens antigas, e você sempre vai rir, chorar ou pensar com o que escreveram a Mah e a Coisinha.

terça-feira, 24 de março de 2009

Ideologia, eu quis uma, não quero mais

Meu partido é um coração partido. Sua plataforma de governo é triste é cruel. Ele busca catalogar os machados, inscrever todas as serras elétricas num programa de identificação, de forma que mais corações não tenham que sofrer. Ele vai oferecer àqueles, que cujas ilusões [também] estão perdidas, uma forma de se curar, se endurecer. Uma nova era de corações de pedra vai nascer!

Os sonhos serão vendidos. Todos! E será tão barato e banal, que ninguém vai acreditar. Sonhos serão artigos dispensáveis, descartáveis, biodegradáveis. Serão jogados aos montes no fundo do oceano, Fosso das Marianas, de onde não possam sair jamais. Sem sonhos, sem dores, sem frustrações.

E aqueles garotos que pensam em mudar o mundo, passarão à freqüentar as festas do "Grand Monde"... E o seu tesão nunca deixará de oferecer risco de vida. O “sex and drugs” não terá nenhum “rock 'n' roll”. E neste dia, haverá o fim de todos os analistas, e ninguém mais terá que saber quem é. Será o tempo de assistir tudo em cima do muro.

E todos os heróis morrerão de overdose! Sem modelos, sem exemplos, para as futuras gerações. Um mundo livre de projeções de perfeição. Um mundo limpo de estereótipos a se seguir. Uma nova existência sem esperança ou guerra, apenas uma tediosa e melancólica paz. E nesse dia, os inimigos estarão no poder. E sem motivação, todos dirão: e daí?

Sem motivação, não haverá ideologia!

Eu quero uma pra viver...

domingo, 22 de março de 2009

Selos


Este selo é dado à blogs que você acredita que valem a pena acompanhar. Recebi da Kakau, do Infinito Nada Particular, e a agradeço muito! Adoro os comentários dela por aqui, e seus maravilhosos textos.

A regrinha é simples: devo exibir o selo, informar de quem veio e para quais blogs eu recomendo ele, e avisar os presenteados. Bem, segue a lista abaixo e o porque...

Você Me Faz Rir: Um blog de muito conteúdo interessante e atualizações rápidas. A galera que posta por lá tem opinião forte e muitos argumentos para discutir. Postar por lá sempre me dá um frio na barriga pois nunca sei o que posso receber de volta dos comentários... enfim, um espaço onde você pode exercitar a mente! Adoro!

A Sombra do Mar: Um espaço onde você pode exercitar o coração. Sensível, tocante, dinâmico. O texto da autora escorrega pelos nossos olhos com calma e suavidade, mesmo quando rasga a alma com lâminas. É um sonho.

Diário de Uma Delta-Menos: Outro espaço delicado e poderoso. Ler a minha amiga Delta-Menos é entrar um pouquinho no seu mundo maravilhoso, tão rico em detalhes e pessoas interessantes. Me dá um nó na garganta estar tão longe e nos falarmos tão pouco...

Defenestrando: Este espaço é cheio de armadilhas. Você entra inocentemente, jurando que só vai ler um pouquinho... quando você nota, o dia passou, o sol se pôs, e as estações mudaram, e você não conseguiu sair de lá... adorei essa “Coisinha”!

Sutiã 44: Leio ela, mas acho que ela não sabe. Descobri este blog recentemente no Delta-Menos, e me apaixonei de cara! Uma forma de escrever completamente divertida, e profunda, ao mesmo tempo. O.o

02 Neurônio: Blog famoso de duas escritoras da Folha de São Paulo. Simplesmente é muito bom... com um tiquinho de feminismo (não que isso seja defeito).

Cultivando Tigres e Dragões II

O sândalo perfuma o machado que o fere. A rosa, tão bela, espeta quem ama e a usa como representação deste amor. O boldo, já dizia os antigos, é amargo e ruim, e cura quase tudo o que te atormentar o estômago. Frituras são mais saborosas para nossas papilas gustativas do que frutas, mas estas primeiras entopem as veias.

O bom e o ruim competem por atenção dentro de nossas vidas, dentro de nós. Escolher um, é abraçar ao outro também. A pergunta é: aquilo que abraçamos de bom, traz algo de ruim que podemos tolerar sem sofrer?

[Texto complementando o post Cultivando Tigres e Dragões de 16 de fevereiro de 2009]

Comentando Comentários do Post anterior:

Duas Caras: resposta dada logo em seguida.

Coizinha: eu sei disso... e isso me lacera toda noite em prantos! Rssss

Da Silva: de fato, tem razão. Mas isso existe mesmo, então?

Kakau: Em primeiro lugar, obrigado pelo selo. Ele vai no próximo post com minhas indicações. Segundo: café com manteiga, como a Cah explicou, é uma receita Portuguesa DE-LI-CI-O-SA! Além de que faz bem para bronquite e garganta, veja no blog Mandraca. E terceiro, sobre seu comentário, não se avexe... adoro participações. E seu comentário foi MUITO pertinente. Acredito no que você disse também, mas pensar bem no que queremos ajuda a gente a pôr o pé no chão para não se iludir demais com aquilo que não buscamos.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sobre as carências

Depois de ler o post “Você também quer ser admirado”, no blog Você me faz rir (VCMFR) – onde, por acaso, também escrevo (merchan! merchan!), e ficar alguns looongos minutos olhando, aturdido, o campo “Par perfeito” do meu perfil no Orkut, cheguei a algumas conclusões estranhas...

Assim como o texto do VCMFR dizia, creio que o ser humano seja carente por natureza. E Maslow não me deixa mentir, se observado com carinho. Também acredito (como diz o texto) que essa carência seja transferida para o relacionamento, quando amamos, e cobramos (ainda que instintivamente) atenção e cuidado. Entretanto, acredito que a carência se manifesta de maneira diferente em cada pessoa – e se algum(a) psicólogo(a) ler isso, por favor, nos explique ainda que superficialmente.

Essas divagações me levam ao campo do Orkut, onde parei e refleti: qual a minha carência? Assim defini:

"Par perfeito, para mim, é alguém que seja cúmplice, como na máfia italiana. Alguém que mantenha sua lealdade à qualquer custo, pois eu vou mergulhar fundo, e mantê-la sob todas coisas. E que essa pessoa compreenda que ‘lealdade’ vai além de ‘fidelidade’. Ser leal é não trair nem meus pensamentos, meus desejos, meus planos. Pois eu serei assim também. Par perfeito é aquele que olha nos teus olhos enquanto você coloca um plano em prática, em público, e com um ar completamente natural, quase blasé, te apóia e afirma para todos: ‘é isso mesmo’!

Par perfeito tem que ter planos, atitude, força. Tem que tomar decisões firmes e ser firme. Tem que ter sonhos, ambição. Tem que ser alguém que queira crescer na vida, destacar-se, fazer fortuna e sucesso, seja lá o que for que decida fazer. Não gosto de pessoas dependentes. Porém, tem que levar em conta que eu também serei assim, e farei tudo isso. E no final do dia, vamos trocar figurinhas, contar como foi nosso dia, e nos apoiar para o dia seguinte.

Par perfeito tem que ter carinho fluindo pelos poros. Não aquele melodrama, cheio de açúcar. Carinho legítimo! Abraços, beijos, cheiro no pescoço enquanto preparamos o jantar. Alguém que se sinta bem em demonstrar que ama, em fazer piadas sobre o que eu estiver vestindo ou meu cabelo, que ache engraçado nossos defeitos – sem medo de me ofender, pois sei ser compreensivo, se a pessoa for também.

Par perfeito tem que saber se portar. Tem que ter educação. Tem que saber deixar bem as pessoas que amo. Tem que conquistar meus parentes com sorrisos, bom papo e simpatia – e geralmente eles são facilmente conquistados, pois me amam, e se eu estiver bem, estarão bem, também. E tem que curtir meus amigos, se divertir com nossos papos. Eu vou fazer tudo isso, e me esforçar ao máximo para conquistar a família e ser amigo dos amigos de quem estiver ao meu lado.

Par perfeito tem que compreender que eu lido com gente e arte, o dia inteiro. Por isso, tenho uma tendência – muito acentuada – à enlouquecer. E quando isso acontecer, tem que ter rebolado e me abraçar, me fazendo lembrar que posso baixar minhas armas e relaxar – pois já saí do campo de batalha. E ‘se um dia eu chegar muito estranho, deixe essa água no corpo lembrar nosso banho’... e cuide bem de mim. Pois vou cuidar dessa pessoa com todo e total zelo, que vou esquecer de cuidar de mim mesmo.

Par perfeito não precisa ter pudores comigo. Serei amigo, marido e amante. Serei profundo e constante, e fugirei da rotina se isso for agradar. Serei um homem nas horas em que eu precisar ser forte, e serei um menino quando a pessoa quiser exercitar sua força. Me dôo, e aceito doações. Me rendo, e aceito tréguas. Amo muito... e aceito o amor.

Se meu par for assim, seremos um casal implacável!"

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pane no sistema! Alguém me desconfigurou...

Racional, sempre tive a tendência de visualizar acontecimentos e sentimentos de forma quase “eletrônica”. Dessa forma, coisas como “raiva disso” e “felicidade por aquilo”, poderiam ser vistos como arquivos que, se abertos, deveriam receber dados, salvos e fechados. Simples assim.

Arquivos abertos, como “sentimento de amizade” por alguém, naturalmente, recebem dados constantemente. São conversas, planos e opiniões expressadas que devem ser lembradas. Casos contados, segredos discutidos, sensações, sentimentos e sonhos. E assim, sempre trabalhei com uma série de arquivos abertos em minha tela mental (multitarefa?).

Acontece que, como num computador normal, arquivos específicos possuem seus programas específicos para serem abertos. Arquivos .DOC são abertos no Word, .PPS são abertos no Power Point, os complexos .SWF podem ser abertos nos navegadores (Internet Explorer, Mozilla etc), mas são arquivos do Shockwave e não se discute! E há aqueles arquivos que você precisa de auxilio (instalar programas e plug-in) para que eles possam ser executados...

Pois bem, eu não possuía nenhum software específico, patch ou update, que me ensinasse a lidar com determinados arquivos, aí eu entrei em pane...

Por exemplo: como lidar com um arquivo intitulado “Promessa de Felicidade”, contendo milhares de informações, dados e cálculos, e que repentinamente se re-nomeia para “Passível de Traição”? Como eu poderia inserir dados novos neste arquivo, avessos aos dados anteriores?

Agora sei que preciso me atualizar. Descobrir formas de trabalhar com este tipo de arquivo. Porém, uma coisa me felicitou: meu “anti-vírus” está atualizado com o que há de mais moderno no sentido de prevenção e detecção de atividades perigosas para o meu sistema operacional (vide post anterior)!

terça-feira, 17 de março de 2009

Paranóia ou Sexto Sentido?


Às vezes a gente sente que há algo de estranho no ar. E às vezes a gente sente que tem certeza de que realmente há algo de estranho no ar. Eu sinto que há algo muito, muito, muito estranho no ar. E isso me devora.

A “desconfiança” vem como um insight, um brilho na mente que lhe diz que há algo errado nos fatos. É como estar caminhando pela casa e antes das coisas acontecerem você bate os olhos num canto dobrado da revista... e lá está escrito: “desconfie”. E esse termo pega na mente.

Depois, os atos soam em um ritmo, uma cadência, uma estrutura diferente na maneira como eles geralmente acontecem. Talvez seja o cheiro do desfecho dos fatos que o destino nos trás para nos alertar, enfim... não sei dizer... mas sei que sinto cheiro de coisas que não vão acabar bem, mesmo que elas pareçam inocentes à princípio. Ou quem sabe, pareçam até agradáveis...

E dessa forma soa um comentário isolado, no meio de uma conversa, e aquilo pode ser um indício. Partindo, depois, para uma forma completamente diferente de agir e falar, de um outro alguém. Há um plano no ar, e você sente os pêlos da nuca eriçarem-se. Você sente que será vítima de um golpe. E deixa-se levar... para ver até onde vai.

Enfim, coisas isoladas parecem estar ligadas. Um fato que entra, outro fato que sai. Pessoas diferentes, coisas diferentes, mas que claramente comportam-se como se estivessem ligadas. É como um tal de “um veio te falar bem do outro”, enquanto isso “o segundo lhe falará mal”... isso é um golpe para saber sua opinião. Sua reação. E seja qual for ela, sentenciará você!

Às vezes a gente sente que há algo de estranho no ar. E às vezes a gente sente que tem certeza de que realmente há algo de estranho no ar. Eu sinto que há algo muito, muito, muito estranho no ar. E isso me apavora!

Sinto falta do colo de minha família.

Minha vida é um CD aberto...

Só dê play...



Nota: frase do título by Pucci.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Sexo Frágil

O texto abaixo foi retirado do blog "O Sexo que Sangra", de autoria de Valéria Brandini. Um blog quente e visceralmente feminino. Eis que, dessa forma, ela despiu os homens, e nos revelou cruamente... vejam...

"Parece que tudo é uma questão de códigos... Que não compreendemos. Nem toda semiótica poderia decifrar estes sinais cujos significados não são totalmente cognoscíveis nem mesmo para os emissores, homens e mulheres, perdidos na tal crise de categorias de gêneros que engorda contas de psicanalistas e enche salas de espera em clínicas de depilação masculina.

Quando Trent Reznor lançou o álbum Fragile, o músico conseguiu interpretar o sentimento de milhares de homens mundo afora perdidos entre as inquietações do primeiro sexo, aquele, cuja etimologia jamais combinaria com o termo fragilidade. Mas não são apenas as lágrimas assumidas e a divisão das tarefas, a anorexia masculina e o disfarçado desejo em ser homem objeto... Existe um grande buraco que não consegue mais ser preenchido com cervejadas entre amigos e paixão de futebol, pelo sexo como prática identitária e o falo como arma - pois este, hoje se volta contra seu dono - uma foda se converte numa busca afetiva, nem tanto do Outro, mas por aquele Eu que não se encontra mais nos arcaicos códigos de virilidade movidos a testosterona e vulgares demonstrações de poder físico.

Desde criança sempre achei mais divertida a companhia dos meninos, talvez por que eu fosse grandalhona, sempre mais alta que a maioria das meninas, condenada, por isso, a sentar no fundo da classe, o tal fundão dos bagunceiros e excluídos. Nunca vi os homens como meros canalhas, via sim, essa fragilidade, contida, amordaçada, travestida em gestos rudes e uma distância afetiva quase inocente. Hoje vejo que ela se converte em egocentrismo e isolamento, entre o bronzeamento artificial e o futebol, o medo do envolvimento - na verdade, um medo de não saber o que ser na relação - e o desenvolvimento dos dotes culinários.

Vejo homens perdidos entre papéis que não são mais seus, entre orgasmos sem prazer e músculos sem força. Vejo sinais de uma indecifrável poesia cuja língua não compreendo, mas cuja música me envolve num abraço sedutor, os sons de um coração agora liberto, batendo confusamente sem rumo, perdido na melancolia da liberdade de sentir sem amarras, a mesma de um coração feminino.

Talvez as novas gerações tenham a resposta, talvez as meninas que se beijam no ginásio estejam mais aptas a compreender e confortar a fragilidade masculina. Ou talvez, depois de ter experimentado o papel de objeto (outrora feminino), o homem possa enxergar o segundo sexo, agora, em primeiro plano."

Bons momentos, um coice e R$ 20


Não necessariamente nessa ordem, as coisas podem acontecer, sim! Quando você menos espera que a vida te surpreenda, a danadinha vai lá e te prova que o mundo ainda gira, e que você está vivo!

Foi numa dessas “reboladas” do mundo que descobri que algumas pessoas me admiravam, amuadinhas, quietinhas em seus cantos. Logicamente meu ego deu piruetas de felicidade, mas após alguns minutos de sabedoria em companhia desses espíritos evoluídos, eu descobri que na verdade eu as admiro muito mais do que elas a mim. Pessoas fenomenais, inteligentes, sensíveis, compreensivas e compreensíveis. Não consigo imaginar onde é que eu estava antes que não tinha conhecido este povo...

O mundo rodou e também descobri que existem certos problemas seus, que não estão, necessariamente, em você. Às vezes você não gosta de "comer chocolate" com uma determinada pessoa, e isso não significa que você não goste de "chocolate"! E eu cheguei a me martirizar por pensar que, talvez, eu não gostasse de "chocolate". E foi com muito receio que fui "comer chocolate" com outro alguém... e descobri... que sou tarado por "chocolate", amo de paixão, do fundo do meu coração, adoro comer "chocolate", e ele faz muito, muito, muito bem.

Descobri que às vezes as pessoas fazem coisas que você intimamente não gosta, mas compreende. Foi assim quando me cobraram os R$ 30 que um dia eu pedi emprestado. E eu pensei em dizer “Puta que pariu, será que você não sabe que eu estou tão mal?”, mas refleti bem e compreendi que se você sabe que a dívida é sua, então é seu dever “se lascar” para quitá-la, sem reclamar. E assim o fiz.

Porém, passa-se um tempo, o mundo dá suas voltas providenciais, e quando você vê: a mesma pessoa lhe deve R$ 20.

Num momento de despeito, você decide que é hora de reaver o que é seu por merecimento, e ignorando todas as informações financeiras da pessoa, faz a cobrança (e olha que você segura este momento até quando pode, por ser algo tão chato). E você, que abafou firmemente o berro no fundo da garganta para não magoá-la naquele momento anterior, recebe um coice, firme e colocado, bem no meio do peito.

É, a vida é engraçada. Ela te dá bons momentos, te devolve o prazer de "comer chocolate", e ainda te recupera R$ 20 num momento de sufoco. Só que é lógico que isso não fica barato, então você leva um coice. Talvez seja a vida te mostrando que ela não é tão boazinha ou não quer que você se torne um bundão. Ou será que ela quer que eu usufrua do que conquistei?

Agora serei “obrigado” a me divertir com novos papos, quitar minhas dívidas (até o valor de R$ 20 – então, se eu estou te devendo, não se anime muito!), e encher a cara de mais, e mais, e mais, “chocolate”... ah, como é bom...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Bom Moço de Marrom Escuro

Pela janela do quarto / Pela janela do carro
Pela tela, pela janela (quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado...

Era uma daquelas tardes negras de chuva caindo sobre o telhado dos vizinhos. Digo isso porque me compraz olhar através de minha janela e saber que posso ver os telhados, e gostaria que todos tivessem este deleite também. Primeiro andar, e nem por isso, primeiro posto ou primeiro lugar. Não é mérito meu morar ali, mas os tetos vizinhos em tom marrom escuro, molhados de chuva, em contraste com o céu cinza, são para mim, este prazer.

Eu fitava os telhados através da janela, moldura urbana, prédios ao alcance da vista. Foi quando a solidão me convidou para outro marrom escuro, e uma outra janela clara e escancarada. Caminhei decididamente como quem se prepara para uma apresentação formal, mas vestia uma roupa de sono. Me coloquei sobre o marrom escuro e a janela, esta janela que via agora era digital, com 15” e luz azul. O marrom que contrastava era da madeira sob meu corpo, dura cadeira. E através daquela janela digital eu busquei paisagens. Busquei histórias. Encontrei formas e flores. Encontrei ódio e decepção. Vi e revi meu passado escrito em arquivos indeléveis de pastas protegidas com senha.

Buscando fugir daquela imagem, como se pudesse virar a janela digital para outro lado do quarto e enxergar outra paisagem. Como se pudesse deixar de ver os telhados molhados marrons escuros e o céu cinza quase negro de chuva. Abri uma página a esmo, branca e pura. Mas a que acessei em seguida foi pensada, planejada, como um crime que iria cometer. Fitei um campo em branco no qual me sugeria que devesse escrever um codinome. Um apelido. Uma única palavra que definisse algo que jamais consegui compreender: eu.

Pensei em toda a minha história e todos os significados desta vida. Todos os erros e medos, percalços e acertos. Reli, mas desta vez em minha mente, arquivos indeléveis protegidos por senhas... ou seriam sonhos... coisas que oculto de mim mesmo para que não queira saltar pela janela, no rumo dos telhados marrons escuros. Só agora percebo, que talvez o marrom escuro e molhado dos telhados me pareçam sangue coagulado. Como as rosas secas de certo poeta que li agora a pouco.

Enfim, acessei minha história e em transe me nomeei: “Bom Moço”. Não porque seja santo ou tenha certa superioridade sobre os outros. Mas é que gostaria que me vissem assim, apesar dos erros e defeitos que deixei crescer dentro de mim. Queria que, quando me vissem com esta roupagem, este nome, compreendessem quem sou e o sofrimento que guardo. Assim, acessei, como um Bom Moço... e escolhi a cor marrom escuro para me representar.

Sabe quando você entra em algum local público lotado e uma profusão de cheiros, vozes, assuntos, cores e pessoas surgem em seu campo de visão, confundindo tudo e todos em vultos e as cores de fundo da paisagem misturam? Me senti assim. O fundo era branco, mas uma profusão de pessoas, nomes, assuntos e propagandas explodiram em minha cara através daquela janela brilhante com tecnologia “bright view”.

Palavras obscenas, convites invasivos, assuntos assustadores surgiram vindos de vários lados. Era um turbilhão no qual o vento girava agressivamente ao meu redor e eu desviava insistentemente dos entulhos que tentavam me atingir. Tonto e com medo, me agarrei à primeira pessoa que vi, como uma criança perdida que confunde uma mulher qualquer com a sua mãe, naquele mesmo espaço publico lotado que mencionei. Eu estava perdido, como uma criança sem mãe.

- Olá. Tc de onde?
- DAQUI MESMO. E VC?
- Tbm. O que faz da vida?
- QTS ANOS? O QUE PROCURA AQUI?
- 23. Procuro só alguém pra conversar, nesta tarde chuvosa.
- QUE BOM... EU TBM!
(...)

Assim eu ouvi a mulher dizendo para a criança perdida no local público lotado, preenchendo-a de susto e esperança. Susto por perceber que aquela não era sua mãe. Esperança, por compreender que alguém ali, no meio daquele tornado de entulhos estava disposta a ajudá-la sair ilesa. Foi assim que a primeira pessoa a quem eu me pendurei naquele ambiente virtual e agressivo me respondeu e eu, como a criança, a abracei e chorei com esperança. E foi assim que tudo começou a acontecer. Lenta e decididamente. Mas acontecer...

(continua...)

Halloween fora de época


Para os supersticiosos, hoje é um dia de mau agouro. Uma sexta-feira, 13, no meio da Quaresma, e ainda por cima: é lua cheia!

Tenho uma amiga que tudo que ela vê, faz um pedido: é estrela cadente, é meteoro passando, é a lua crescente, é um pássaro que pia, é uma data diferente, etc... Será que podemos fazer pedidos nesse dia?

Como eu disse a ela, certa vez: “Nossa... como exigimos do Universo!”

quinta-feira, 12 de março de 2009

1.000 rosas roubadas


Quem não gosta de flores? Eu as adoro. Não é habitual que um homem as ganhe, numa cesta com ursinhos de pelúcia, chocolate, ou num simples buquê. Em todo caso, gosto delas mesmo assim... Gosto da cor das flores, vistas de longe ou de perto, e analisadas com cuidado. É como se pudéssemos olhar dentro dos olhos de alguém, fitando seus detalhes, com os lábios próximos de um beijo. E seus traços, suas formas, me inspiram.

A textura das pétalas e das folhas, eu gosto quando roçam em meu rosto. Eu as sinto como dedos delicados me acariciando a pele, como num filme que vi, em que o toque das orquídeas levava um corpo à loucura. E o cheiro suave das flores me lembra cabelos, sedosos, macios, onde gosto de me emaranhar. Ah, sim! Eu gosto muito de flores.

Entretanto, não me faça uma cena piegas, copiada de uma música, de um louco artista. Não tente me conquistar com flores, bombons ou ursinhos de pelúcia. Embora eu deixe minha sensibilidade sempre à vista, não serão presentes que vão me adoçar. Não é só com isso que vai me conquistar. Então, não me traga mil rosas... ainda que tenha sofrido para rouba-las.

Também não adianta fazer, agora, tudo aquilo que sempre quis que fizessem por mim. Isso não resolve os problemas, nem amolece meu coração. Por alguém eu morri, e agora renasço em outro corpo, em outra mente. Sinto que não sou mais o mesmo. Não sou o cara que todos conheceram. E se você ainda for a mesma pessoa, esqueça.

Eu não quero alimentar esperanças. Só quero mostrar pra você como é bizarro tentar me ganhar, fazendo tudo àquilo que eu sempre pedi que fizesse por mim. Já que mudamos, nos transformamos em outras pessoas, como pode tentar me ganhar com as mesmas promessas assim?

Fisiologia do Abraço

Os olhos se cruzam espontaneamente, e o brilho característico do sentimento lhes faz marejar. Dois pares de olhos, fixos um no outro, fitando-se com o entusiasmo da pulsação do coração que acelera. Os cantos dos olhos se comprimem, revelando que logo abaixo a boca sorri...

Todo o rosto se ilumina.

O impulso joga um corpo contra o outro, numa ânsia por movimento e unidade, que logo peito e peito se encontram, como se os corações fossem bater lado a lado. Ah, e os braços... fortes, eles envolvem os corpos, transportando calor de um para o outro. Uma fusão de corpos, felizes.

E este abraço, ainda que mudo, transmite entre os corpos alguns sentimentos. São duas estações de rádio transmitindo na mesma freqüência, comunicando-se. A mensagem é a mesma, o ritmo e a melodia se completam, e os corpos ficam juntos até que sejam levados à exaustão.

Após este momento mágico, separam-se, mas sem esmorecer no sentimento, que será perpétuo.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Um dia simples



Um dia simples. Não gosto de despertar, solitário na imensidão de meu quarto, e perceber que viverei um dia “simples”. E hoje, ao acordar, me senti assim.

Trata-se de um dia chuvoso, solitário, triste e manhoso. A brisa fresca e úmida da chuva da noite passada, e da fina garoa que ainda precipita, praticamente extingue todo aquele calor absurdo que os dias anteriores impuseram. A coloração cinza clara do céu oferece conforto e descanso às vistas, tão agredidas por aquele azul penetrante e o sol brilhante, com sua luz chicoteando entre janelas, vitrines e espelhos, até nos atingir nos olhos.

Fica, portanto, sendo o dia uma folga de tudo o que nos atormenta e irrita. Um dia simples. Sem mais percalços. Sem problemas. Um dia difícil e tedioso de se viver.

terça-feira, 10 de março de 2009

Selos


O selo "Simplicidade, Talento e Sentimento" é oferecido por um blog amigo, quando o seu lhe desperta este tipo de impressão. Recebi este do blog “A Sombra do Mar”, que conta com um repertório profundo de sentimentos e emoções. Para quem quiser navegar nesse oceano, sugiro muita cautela e coletes salva-emoções...

E a minha indicação vai para o blog “Diário de Uma Delta-Menos”. Pela simplicidade, simpatia e profundidade de sentimentos. Ela (autora) tem um talento para poesia fantástico, deixando vivo, nas letras, o pulsar de seus sentimentos. Inteligente e completa. Parabéns, meu anjo, você merece!


Copie o selo para seu blog e exponha-o
com o link de quem você recebeu e
para quem você o indicou!

Eu não sou seu amigo


Meus olhos cruzaram novamente com os teus. E na cabeça uma profusão de pensamentos me dizia o que não era melhor a se fazer. Entre a mágoa e o ressentimento, o medo e a solidão, concluí que você não me queria ali... queria apenas “alguém”. Foi assim que pensei:

Ora, veja bem. Eu não sou, simplesmente, “alguém”! Eu sou aquele que esteve do seu lado, que amou a tua pele, que beijou sua história, que assumiu um compromisso com teu futuro. Eu sou aquele que morreu antes da vida acabar, enquanto entregava meus últimos suspiros em suas mãos. Eu fui o fantasma que vagou do teu lado para que você pudesse brilhar e experimentar a vida, e quando chegou a tua vez de me ajudar... !

Agora você vem abraçando o mundo com suas pernas largas. Querendo gozar da vida o que ela pode lhe oferecer de melhor. E ainda quer extrair de mim o pouco que restou? Você quer manter sua vida ao lado de pessoas que você diz não confiar, por que te fazem graça. Quer viver ao lado de quem te ama, sem que você ame de volta, num verdadeiro “namoro de polaroid”. E agora vem me buscar para ser aquele ombro que você não tem?

Tenha dó!

Dessa forma, entenda, eu não sou “alguém” com quem você possa conversar trivialidades. Não quero saber dos teus projetos, da tua vida, dos teus medos. Não quero sentar com você no banco da praça e rir da vida. Não quero tentar te ajudar a resolver seus problemas. Eu sou mais importante do que isso, eu sei! Eu não sou um estranho que pode te ouvir falar de futuros. Não sou teu amigo, namorado, muito menos um amante. Não sou um “qualquer”!

Desde o dia em que você não está mais aqui, a memória já me lacera, não preciso que sua presença faça isso também... Eu não sou, simplesmente, “alguém”.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Dia Internacional das Mulheres


O texto abaixo eu coletei, com todo cuidado e carinho, do famoso blog “02 Neurônio”. Faço isso em homenagem ao Dia das Mulheres (08/03) – com atraso não proposital. Acho que esta crônica engraçada e delicada revela um pouco da força e doçura das mulheres: sempre prontas para criar uma verdadeira revolução, e também para morrer de paixão.

Parabéns a este sexo tão frágil (que mentira absurda!).

A revolução não será televisionada

Vamos passar o final de semana inteiro vendo televisão e comendo besteira?! Vaaamos! E pronto: lá estávamos, eu e ela, numa casa de serra tendo um salgadinho em uma mão e um controle remoto em outra. O paraíso na Terra.

Foi assim, meias se arrastando entre a cozinha e a sala, que começamos a assistir Discovery Channel. O programa era sobre o sexo entre os animais. Muito educativo.

A fêmea do Louva-Deus, por exemplo, come (literalmente) a cabeça do macho durante a cópula. Só que isso, ao invés de matar rapidamente o sujeito, faz com que ele fique superexcitado e coma (no sentido figurado) a louva-deus loucamente. Quando acaba o ato, ela está grávida e ele, morto.

Vejam o caso das hienas: a fêmea tem um clitóris tão, mas tão grande, que parece mais um membro masculino. Fica até ereto. Elas podem botar o pau na mesa, mandam em todo mundo do bando. Não preciso dizer que o clitóris avantajado faz com que as moças fiquem se esfregando entre elas e ignorem os machos, que ficam ao redor mendigando atenção para copularem de vez em quando.

O especial terminava com imagens inéditas de um verme do fundo do mar, que tinha um nome esquisito que começa com B. Apelidamos, carinhosamente, de Verme Bonelli. (Se você tem este sobrenome, entenda, não é um motivo pessoal. Foi o primeiro nome que nos veio à cabeça!) Pois a verme fêmea simplesmente fica guardando os machos dentro dela mesma. Eles ficam lá presos a vida inteira. Não podem sair para nada, nem para tomar chope com os amigos no Baixo Gávea, nem para ir à pelada. Sair para comprar cigarro, nem pensar! E ficam lá quietos, sem querer ter DR, dando prazer à verme fêmea! Isso que é vida!

Não preciso dizer que quando acabou esta aula de biologia já estávamos praticamente em pé no sofá - as duas - decretando uma nova revolução feminista (e colocando mais salgadinhos no forno). Como nós, mulheres, temos tantos percalços com os homens? É problema de relacionamento para cá, namoros fracassados para lá, tem dia que acordamos nos sentindo uó, choramos, nos sentimos rejeitadas, somos chamadas de rádio-patroa, temos que aturar os maiores absurdos em troca de uma cópula como, por exemplo, assistir a mesas-redondas.

Nós, as fêmeas!!!

Podem ir parando por aí!

A natureza é sábia e somos nós que mandamos nesta joça! Isso mesmo! E os homens que se cuidem! Tem que se dar por satisfeitos por não serem verme bonelli e pararem de dar trabalho!

Thor, o cachorro, único macho na área, sentiu o clima pesar para o lado dele e saiu à francesa. Comemos mais uns 20 salgadinhos e juramos que nunca mais íamos dar moleza para esta gente. A essa altura, toda a população de Pompéia já tinha sido carbonizada no programa seguinte, a história de Vulcão Vesúvio. Chatíssimo.

Mudamos de canal e foi aí que aconteceu o pior: acabamos vendo um filme de princesa. Era uma Cinderela com algumas adaptações ridículas, como ela ser amiga do Leonardo DaVinci. Ela comia o pão que o diabo amassou, era gongada por todos e até humilhada pelo príncipe. Mas, no final, ele a salvava e aparecia num cavalo gritando ‘eu te amo’. Choramos , eu e ela, discretamente.

Nunca uma revolução durou tão pouco tempo.

terça-feira, 3 de março de 2009

Unsent

Prezado Coração,

Gostaria que você soubesse que o que tínhamos planejado está acontecendo, apesar de você não estar mais aqui. Meu emprego novo está quase acertado, terei novos ganhos, novas formas de crescer... À partir do mês que vem é provável que minhas condições mudem, e eu começarei a arcar com mais responsabilidades. Mas isso não tem importância, pois você não estará do meu lado para me ajudar a suportá-las.

Talvez, dentro de cinco meses ou seis eu esteja muito bem de vida. Era pra ser o tempo exato em que nós colocaríamos aquele nosso projeto pra andar, e ganharíamos um dinheiro a mais. Juntos, pela primeira vez! E com isso, saiba que eu lhe pediria em casamento... e moraríamos juntos... e seríamos felizes... e eu até estive pensando em nomes para nossas crianças. Mas isso não importa mais. Você não estará lá.

Quero que saiba que, assim como eu lhe avisei, minha tristeza está passando. A cada dia sinto-me mais forte, mais animado, com mais vontade de sair e me divertir. Sei que eu não estava assim ao seu lado, mas eu tinha te avisado: eu estive doente! E agora estou me curando... Voltarei ao meu normal. E voltarei a ser quem sempre fui... mas isso, também, não importa, você não estará aqui, não me verá renascer.

É, Coração... vou ter que pegar os MEUS sonhos e separa-los de você. Então vou levá-los para alguém que queira sonhá-los comigo. Saiba apenas que eu estou bem. E vou ficar melhor.

Mas isso não importa... está acontecendo tudo, apesar de você.


"Unsent"é uma obra de Alanis Morissette,
na qual ela musicou alguns trechos de cartas
que ela nunca enviou, mas quis enviar.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Esquecer, Desculpar e Perdoar



Caminhando pela Blogosfera, me deparei com uma bem elucidativa sinapse sobre o arrependimento, em “Força na Peruca”. E isso me fez pensar no outro lado da moeda... o magoado.

Desculpar, Esquecer e Perdoar são níveis, talvez, do mesmo sentimento. Na situação pós-mágoa, sentimo-nos compelidos a vingar nosso orgulho, chorar as amarguras, e bater na cara da vida questionando “por que?”. A dor é tamanha que nos faz pensar sobre as injustiças, sobre merecimentos e nos conecta ao que há de mais primitivo nos sentimentos: tristeza, raiva e angústia.

Quem esquece uma mágoa corre o risco de ser lembrado dela, anos mais tarde, talvez. Esquecer é o mesmo que fugir, não resolver. É como tapar um machucado com pomada curativa e deixar que a pele se feche outra vez... mas e as feridas internas? Hora ou outra irão romper a superfície, e nos fazer chorar outra vez.

Desculpar não é perdoar. Por mais que um possa se confundir com o outro, e as desculpas são o mesmo que esquecer, a diferença consiste em que “desculpar” é como colocar a mágoa de lado... mas à vista. É aquele vasinho de cacto na mesa que vez ou outra nos espeta. E nos faz chorar outra vez.

Perdoar é sublime. Perdoar é superior. É resolver a mágoa e acreditar no arrependimento daquele(a) que nos magoou. É ver a sinceridade do sofrimento estampada nos olhos do outro, e querer fazê-lo parar. É nunca mais lembrar-se da mágoa, como se ela nunca tivesse existido, simplesmente porque deixou de existir.

E se tudo tem que chegar a esse ponto para que surja o perdão... Perdoar não é “vingar-se” então?