quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A 3ª Queda

Sai! Sai de dentro deste peito, coração!
Pula fora desse corpo, abandona esse cadáver.
Me deixe descansar em paz.

Cai! Cai por terra toda alma que estiver agregada.
Saia de perto dessa tumba mal lacrada.
E vê se desta vez me deixa descansar em paz.

Passado! Maldito e Ilusório.
Olhando-te nos olhos, hoje, e me sinto insólito.
Um fantasma arrastando grilhões amarga a mente.

Eu grito, mas do peito ele não desgruda.
Pulo, mas do corpo ela não larga.
Eu busco esquecer, mas ele vem me despertar...

Alma, Passado e Coração.
Peça por peça estou no chão,
Entregue à Terra que ela me devore.
Seja boa, Mãe Natureza, e vê se não demore.
Me deixe descansar em paz.

Inauguro aqui, minha 3ª queda. Tenho muito material com o que meditar agora. Sei que tudo tende ao equilíbrio, sendo a vida um evento cíclico e organizado... mas volta a me parecer caótica, numa primeira impressão.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Compilações

Os últimos posts deste blog foram, para mim, uma estrada iluminada em meio a escuridão. Poucos foram aqueles que compreenderam, e menos ainda os que comentaram, mas isso não tem importância... coloca-los aqui foi como desenvolver uma mandala, um mapa espiritual, por onde meditei e cheguei a conclusões consoladoras.

Na sexta-feira, 13/02, passava por um tormento do coração. Não me recriminem... sou humano, e por mais que tente ser implacável naquilo que faço, e naquilo que vivo, também levo meus tombos. E este dia foi especial. “Decepções” foi a borda da minha mandala, e indicava o caminho por onde eu estava começando a caminhar...

“Ainda que eu ande pelo vale da morte”, alguma coisa ou alguém me ilumina a enfrentar meus medos. E foi assim que, em 16/02, escrevi “Cultivando Tigres e Dragões”. O segundo passo em direção ao centro de minha mandala, um texto que falava sobre aceitar os problemas e lidar com eles. Pois bem... aprendi esta lição. E doeu.

Mas a dor não foi motivo para parar minha peregrinação rumo a minha alma. Em angústia, busquei paz na filosofia budista, e no dia seguinte (17/02) enfrentei meus medos com “Sobre as Dores”. Aprendi a fechar os olhos no meio do desespero e meditar cuidadosamente sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos das dores. E encontrei uma cura!

Saí dessa meditação percebendo o que são escolhas, e quais suas implicações. Por isso, em 19/02 fiz a analogia com o texto “Só um Hobby”. Eu sabia que deveria podar certas arestas da minha vida, e deixar outros ramos crescerem. Só assim a dor sumiria, e eu chegaria à primavera com folhagens saudáveis e frondosas. Eis que surgiu a insegurança para faze-lo.

E no meio da insegurança, senti e escrevi a “Preocupação” em 20/02. Eu meditei novamente, e percebi o que era a preocupação. A musculatura do meu peito se comprimindo, o suor frio, os tremores, a gastrite. Contemplei meu corpo em desespero e busquei o significado psíquico da minha angústia. Encontrei! Traduzi.

Após esses poucos dias em que passei por esta metamorfose trago este relatório de como a vida é cíclica e organizada... por mais que pareça caótica. Não me sinto ainda no centro da mandala, em nirvana, mas estou perto. Me sinto em paz e feliz, embora não esteja livre dos sentimentos negativos.

Decepção, raiva, preocupação... tudo isso me atormenta ainda, mas agora eu descobri seus segredos. Descobri como encará-los e administra-los. No final disso tudo, saí ganhando, pois consegui fazer justamente o que mais gosto: CRIAR!

Como pessoa e profissional, me libertei.

OBS¹: Meu portfólio ao lado está incompleto, mas vou atualizá-lo logo. Basta clicar sobre ele, e você será direcionado ao meu álbum no Google PicasaWeb. E não esqueçam de alimentar minha lhama!
OBS²: Uma mandala é uma espécie de mapa espiritual utilizado por monges budistas (especialmente os Tibetanos) para se atingir o centro espiritual de si mesmo. Em suas bordas, ela apresenta conceitos que devem ser meditados rumo ao centro. Ao se atingir o centro da mandala em meditação (geralmente representada pelo símbolo ying/yang), atinge-se o equilibrio energético e psicológico para se compreender os dilemas que o atormentam.
OBS³: Só pra cultivar minha vaidade, devo comentar que utilizo a filosofia da mandala para criar respostas para empresas que me procuram, em busca de respostas comunicacionais. Observo todos os aspectos da empresa, de fora (comunicação e relacionamento com o cliente, etc) pra dentro (endocomunicação e relacionamento com funcionários, etc), antes de propor soluções.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Preocupação


Os músculos do peito
Entrelaçados e firmes
Comprimem o coração

Os lábios ressecados
A língua umedecida
Gatos na garganta

Esôfago comprimido
Estômago nervoso
Arrepio pelas costas

Mãos suadas e frias
Braços trêmulos
Pernas bambas

Sensações constantes
Durante muitas horas
Agonizando a alma

Tudo por causa de um só pensamento.
A preocupação é, num certo sentido, um “ensaio” do que pode dar errado, e como lidar com isso. Há na preocupação, pelo menos para o cérebro límbico primitivo, alguma coisa de útil. Funciona como uma forma de afastar um mal, prevendo-o. A preocupação ganha, por isso, psicologicamente, o crédito de “prevenir” o perigo com o que se está obcecado.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Só um hobby


A cultura oriental sempre me fascinou, e seus ensinamentos me permitiram compreender muitas coisas da vida e do mundo. Ainda que todo o sistema seja, em grande parte, metafórico e alegórico, funciona como ferramenta precisa em nossa evolução do pensamento. Uma dessas experiências orientais que me fez compreender coisas importantes da vida foi o cultivo do bonsai.

Para quem não conhece, o bonsai é aquela arvorezinha em miniatura (poucos centímetros de altura), plantada em um vaso médio, mas que imita muito bem uma árvore de tamanho real. E para que uma árvore atinja o aspecto visual de uma arvore velha, mesmo com o tamanho de um pequeno arbusto, são empregadas técnicas especiais como regas periódicas, adubação, e podas especiais em folhas, galhos e até nas raízes – e há uma infinidade de espécies de árvores que podem ser utilizadas para se fazer um bonsai.

Para mais informações sobre a arte bonsai, clique aqui.

O bonsai é, enfim, uma obra de arte que envolve técnica e talento. A técnica é relativamente fácil. O talento vem do bonsaísta, que deve saber observar uma planta miniaturizada e dá-la, pacientemente, a característica de uma árvore adulta e gigante, à medida que ela se desenvolve.

A magia, no entanto, fica por conta de quem cultiva. E em mim, cultivar um bonsai ensinou alguns pontos importantes. Por exemplo, notei que ao observar o crescimento da minha plantinha, me tornava mais atento aos detalhes da vida. Observar brotos novos surgindo, folhas se abrindo, raízes engrossando, pequenas doenças e pragas que se instalavam na copa, solo e raiz... tudo isso me deu uma visão mais detalhista e “holística” das coisas.

Percebi que ao observar um pequeno broto se desenvolvendo, e planejar sua poda para que ele se desenvolvesse e virasse um galho, até que a árvore tivesse o formato que eu imaginava, me ensinou que devo/posso planejar minhas atitudes, e dar forma à minha vida. Assim, quando o pequeno galho ganhava força, eu o direcionava com arames, para que ele adquirisse as características (envergadura) que eu queria... e nossas atitudes também podem ser planejadas e adequadas para que atinjamos o objetivo final.

Hoje, sem meu pequeno bonsai (ele morreu depois que o abandonei! E isso me parte o coração), sinto falta do efeito filosófico que ele causava em mim. Era como uma prece, um ensinamento, uma troca: eu deixava um pouco de mim nele, e ele me dava um pouco de si.

E depois me dizem que isso é apenas um hobby.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Sobre as dores


Seguindo a linha do post anterior, fiz uma pesquisa na bibliot... cof cof... internet, e encontrei alguns conhecimentos interessantes. Enquanto buscava respostas para a "dor", me deparei com a questão: "Se Buda havia DESPERTADO e compreendido que a dor era uma ilusão, por que ele morreu agonizando, segundo as escrituras?"

O Budismo sempre me atraiu, e então me interessei muito por esta questão. E a resposta eu encontrei em uma entrevista com um monge budista, em que se falava sobre a morte e a dor física.




[Entrevista completa em "Acesso ao Insight"]

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Cultivando Tigres e Dragões

A Sabedoria Chinesa nos ensina, entre outras cosias, que a vida é um enorme Ying/Yang. Um emaranhado de momentos negativos e positivos, bons e maus, bons e ruins, empolgantes e depressivos. Dessa forma, a maior Ilusão da humanidade é tentar apagar tudo o que é negativo, ficando apenas com o positivo.

E foi pensando nisso que construí uma analogia que me ajuda a observar a vida, e gostaria de compartilhar essa Sinopse de uma Sinapse:

Consideremos que nossa vida possui coisas, pessoas e momentos positivos. Estes são nossos Tigres, belos, raros, austeros. E que ela também possua coisas, pessoas e momentos negativos. E estes são nossos Dragões, assustadores, misteriosos, perigosos.

Tigres e Dragões vivem em equilíbrio sempre. Dragões caçam, matam, cospem fogo e nos deixam loucos de medo, raiva e angústia. Os Tigres brincam, nadam e ronronam, e nos enchem de esperanças, alegria e paz. Porém, quando um deles se vai, o equilíbrio se rompe, e imediatamente tenta se reparar.

É assim que, quando perdemos um Dragão (resolvemos um problema), outro surge, fazendo alarde, nos machucando profundamente, até que ele faça amizade com os outros Dragões e entre em "equilíbrio" com o todo. Da mesma forma, quando perdemos um Tigre (algo ou alguém que nos deixava bem), outro felino nasce, nos fazendo lembrar de como estes filhotinhos são fofos e nos arrancam sorrisos.

Por isso, eu digo, alguns Dragões não precisam ser mortos, se forem toleráveis. Quando um destes morre, outro muito pior pode surgir. Por outro lado, alguns Tigres podem ser sacrificados, para que novos e mais poderosos possam habitar sua vida. Mas é importante ressaltar: embora seja tentador administrar essa situação dessa maneira, nunca tente manter mais Tigres do que Dragões em sua vida. Piaget e Lavoisier já nos ensinaram que "tudo tende ao equilíbrio".

[Texto inspirado em "A Hora do Plano B" de Você Me Faz Rir]

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eu sinto tanto

Deus sabe o quanto eu queria que fosse você. Ele sabe o quanto eu me esforcei para enfiar na minha cabeça que a pessoa certa pra minha vida era você. E só Ele sabe o quanto eu choro por dia, vendo que minhas expectativas foram frustradas.

Deixamos de pensar como cúmplices há meses, ou mais. Não temos mais aquela sintonia, aquele calor, aquele estado de espírito mútuo. Eu imploro por cuidados e você se aborrece, me exigindo mais...

Eu sei que você precisa de alguém que esteja disposto a dar tudo o que você quiser, de boa vontade. Assim como preciso de alguém que queira me ajudar, e compreenda que por um tempo estarei “quebrado”, sem funcionar corretamente.

Infelizmente não posso abrir mão do que eu preciso. Infelizmente você não quer me dar o que eu quero. Infelizmente não vamos mais nos entender. Infelizmente eu ainda...

... sinto tanto.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Diabo e suas faces


A Igreja é que tinha razão. O Diabo nos tenta da forma mais perfeita: com aquilo que mais queremos. Lutar contra a tentação não é simplesmente um jogo de força de vontade contra o “coisa o ruim”. É lutar para recusar aquilo que sempre queríamos, e que agora está bem diante de nossos olhos.

Viver contra o Diabo é sacrificante. Sacrifício é bom, quando é feito pelo bem. Aí ele recebe este nome. Quando ele é mal, feito para o mal, aí é suicídio. No fim, é morte do mesmo jeito. E viver contra o Diabo é uma morte em vida, um suicídio.

O pior é que quando nos deparamos com aquilo que queremos, sabemos que está sendo oferecido pelo Diabo. É uma pequena sensação de que não merecemos. Ou de que teremos que pagar caro por aquilo. Talvez com a alma. Sabemos que é do Diabo, pois nos chegou sem “sacrifício” nenhum.

Tudo o que vem de mão beijada, recheado de chocolate, adornado em ouro e prata, e você pouco fez para merecer, acredite: é do Diabo! Mesmo que seja o Sacrifício de alguém, pelo bem, por você.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Vento que Leva

Tempestades, eu sou elas.
Tão incontrolável como uma força da natureza,
Atravesso terrenos alheios sem pedir licença,
E levo comigo o que quero.
Destruo tudo o que me dispensa.

Sou indomável como um cataclismo.
Ninguém pode me prever ou adivinhar.
Chego sem avisar e destruo a paz,
Deslizo montanhas, queimo vilas inteiras,
Erupção de fogo sobre a vida humana.

Hoje, idéias de cabeça de vento me acometem.
Nunca pensei coisas assim, mas agora
A cada minuto me assusto com o que vem.
São idéias de ventania, tornado e tufão,
E sinto que tenha chegado a hora da destruição.

Uma tromba d’água escorre pelo meu rosto
Sinto toda a inundação na minha garganta.
E nas profundezas da minha alma, ouço as vozes,
São as almas das famílias afogadas.
Vitimas demais. Vitimas demais.

Além de tudo, olho para meus pés.
Só consigo me sentir solitário como uma nuvem.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Caminhos


Ela já tem 90, é animada e dança todos os finais de semana no asilo. Toma a frente de muitas decisões e exigências. É autoritária e engraçada. Mas ninguém vai visitá-la... ela chora sozinha em seu quarto, enquanto tenta sorrir ao menos uma vez de verdade.

A doença já consome seu fígado e intestino. Seu coração, de paredes fracas, não suportam mais muitas emoções. Os 60 estão pesando em suas costas e tudo o que ele deseja é que seu irmão saiba o quanto ele é grato por sua família cuidar dele.

Ela tem 70, e ainda não sabe onde se meteu. Sente que metade de sua vida foi desperdiçada, e percebe que não atinge a média daqueles ao seu redor. Freqüentemente riem dela, mas ela ri em troca. Ela engana-se, como se isso lhe desse algum prazer.

O melhor momento de sua vida é quando os netos vêm visitá-la. Já não tem o mesmo animo de quando era jovem, e não consegue parar de pensar o quanto jogou sua vida fora. Agora, com 65, quer ver os netos crescerem, coisa que não fez aos filhos.

O sucesso não subiu à sua cabeça, mas ele gasta horrores para ter o conforto de que julga necessário. Às vezes se sente sozinho, mas é um grande empresário, pode comprar companhias. Quando se olha no espelho, mente para si mesmo dizendo que tem 40... mas os 60 são implacáveis.

Ele tem 73, e ainda não sabe o quer ser.