quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Comprei um carro de luxo!

Comprei um carro do ano. Mal sabia eu que tudo isso era uma furada. Ele me disse que ia me dar amor, carinho e atenção, com seu banco de couro, pintura polida e rodas esportivas. E eu acreditei, que horror.

Ele disse que ia me cuidar na gripe, me levar para qualquer lugar que fosse melhor para eu me recuperar. Eu até desconfiei, mas comprei. Comprei o carro caro para me curar do mal.

E ele disse que me curaria o fogo... ia me satisfazer. Achei que era normal, que poderia acontecer. Até que ele disse que sabia gritar e pedir por socorro. Eis que me apaixonei e comprei.

Hoje, ainda sinto a angustia, a sede, a solidão, a gripe e a dor. Fora isso, ainda fica essa enorme sensação de tolice, e as prestações que eu pago, pelo tal carro “de luxo”. Eu não pensei, foi impulso, pra sanar um momento, silenciar uns barulhos, me esqueci de respirar... Foi um, dois, três, “vendido”, e eu estava lá com o carro.

Agora eu paro e sei que tenho tudo. Mas na hora pensei “Será?”... E nesta manhã, minha amiga comprou uma bolsa de grife... para se curar do mal...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pessoas perdidas, coisas certas e horas erradas

Passou a tarde inteira tentando inventar uma forma de dizer o que sentia. Foi do bilhetinho anônimo à declaração rasgada no meio do parque, com todo mundo – inclusive pipoqueiro – olhando. Mas nada parecia ser uma boa idéia. Quando interpelou sua mente sobre qual seria a melhor forma de dizer aquilo, ela respondeu:

“Quando for oito horas da noite, e o céu estiver escuro, vá para o quintal e leve sua gaita. Toque uma melodia sentida, profunda, mas que parta de seu coração, dedicada à Lua. Isso vai ser importante, porque ela é a Rainha. Vai demorar um pouco até ela te dar bola, mas não desista! Vá até o fim, nota à nota. Quando ela finalmente te olhar, e isso vai ser por volta das dez, as coisas vão ficar mais simples...

Cumprimente ela com um menear de cabeça, singelo, discreto e cortês. Isso vai deixá-la impressionada. Só então você deve pedir que ela lhe empreste seu manto de estrelas. Uma a uma, dirija as estrelas para os lugares corretos. Lembre-se: Estrelas são como criancinhas... você deve conquistá-las com simpatia e doçura, senão, elas vão aprontar com você. E seja paciente... elas vão querer brincar um pouco também...

Escreva sua declaração de amor no céu com as estrelas. Convença-as a ficarem paradinhas, formando a frase que tanto quer soltar. Se for bem sucedido nessa parte, vai por mim, vai funcionar. Só então você deve procurar uma floricultura!

Eu sei... será por volta das dez e meia... bem, se você tiver sorte... por que pode ser por volta das onze da noite. Mas não desanime! Encontre uma boa floricultura, e pegue um ramalhete de rosas. Sabe, as rosas são um símbolo do que você está sentindo. Então vai ser bem bacana entregá-las. Ah! Não se esqueça do bilhete... escreva assim: vá para o fundo do seu quintal e olhe as estrelas. Só isso. E assine!

Como será por volta da meia noite, na melhor das hipóteses, pode ser meio inconveniente ir chegando assim na casa dos outros. Então, pra não ficar tão chato, coloque o ramalhete com o cartão na porta da casa. Mas não toque a campainha! Vai que outra pessoa atende, vê o bilhete, lê as estrelas... ih! Pronto! Estragaria tudo! Então deixe o ramalhete e saia de fininho.

Quando estiver a uma distância segura, pegue seu celular, e ligue! Você lembrou de pagar a fatura do último mês, né? Senão não terá créditos para a ligação. Enfim... ligue e avise: há um presente pra você na porta de sua casa... e espere.
Vai ser lindo! E vai funcionar”.


Ficou por alguns instantes pensando, com um sorriso no rosto. Era uma bela hipótese. Tinha tudo para dar certo! A gaita, a floricultura 24 horas, o jeito com as crianças-estrelas, até a conta do celular já estava paga. Então se animou tanto, que decidiu: vou fazer!

Mas naquele instante, o destinatário de tal declaração passou em sua frente, ignorando sua existência. Trazia à tira colo, um outro alguém. Estavam apaixonados, perfumados como um “recém-casal”. Desde aquele dia, nunca mais a conta do celular foi paga, nem a gaita tocada.

Não se admire


Olha só... ta ficando cada vez mais difícil, viu? Eu tento me afastar de você, por que este sentimento confuso aqui dentro me tortura, mas seus olhos insistem em surgir no meu campo de visão. E meus olhos tão acostumados a apenas absorver a luz, refletem um sorriso que se esconde no meu peito. Ah, que ódio me dá! Eu tento esconder mas ele insiste em se manifestar.

Confesso que, para aliviar a dor, ainda vejo suas fotos, escondido. Há Orkut, Facebook, Multiply, e mais uma série de sistemas que, na intimidade do meu lar, me permitem te encontrar. E fico imaginando se sua voz pode ressoar tão confortável quanto este teu sorriso, e acalmar os batimentos deste meu pobre coração sem sintonia. Quisera eu estar naquela festa onde você parece tão feliz, ou ao seu lado naquele local macio em que você parece descansar. Ai, ai...

E quando você resolve me dar atenção, céus. O mundo parece ruir ao meu lado, como um castelinho de areia. Na verdade, mesmo que fossem rochas gigantes, eu não notaria. Sua atenção me rouba a atenção, o olhar, a cena, o ar, a vida... As vezes finjo que não, que não me importo, mas o melhor momento do meu dia é quando você resolve me dirigir sua palavra. Sem pretensão. Sem opinião. Só falar por falar. Ah, que me derreto.

Me sinto culpado por confundir este sentimento assim. Vai ver estou errado em seguir dessa maneira. Mas, olha, só pra que você saiba: ta difícil mesmo. Então, “não se admire se um dia um beija-flor invadir a porta da sua casa, te der um beijo, e partir. Fui eu quem mandei o beijo, só pra matar meu desejo. Faz tempo que não te vejo”... ai que falta d’ocê...

domingo, 10 de outubro de 2010

Mãe

O ventre antes que me concebeu, tanto em corpo, quanto em alma, é responsável também pelo poder de cura. De sua energia criadora, a vibração salutar me abraça, e assim renovo meu ser.

Obrigado mãe, grande mãe e santa mãe. Foi de vós que saí, em corpo, alma e coração.

Assim seja.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Não está completo!

Ainda falta alguma coisa para tudo ficar perfeito e começar a caminhar, mas eu sei que essa “alguma coisa”, não quer fazer parte mais. Falta o olhar de “alguma coisa”, que entre em meus olhos e revele um paraíso de companheirismo e afeto. Ainda falta “alguma coisa” com mãos suaves nos meus cabelos, enquanto eu tento dormir. E falta “alguma coisa” que coloque a mão no meu peito, me impedindo de atravessar a rua, quando o sinal abrir.

Quando eu te conheci, percebi que tinha “alguma coisa” dentro de você que me chamava muita atenção. Talvez fosse aquela criança escondida em seu quarto escuro, ferida por amores de um passado nem tão remoto. Talvez, essa “alguma coisa” fossem seus sorrisos de bem com a vida, suas piadinhas de toda hora, e o jeito quase aristocrático de se portar... como se fizesse parte da mais fina nobreza.

Porém, agora, no meio disso tudo o que está acontecendo ao meu redor, ainda falta “alguma coisa”. E esse “algo”, é sua presença. Pra mim, dói não te ter aqui comigo. Pra você, talvez seja até melhor assim. Tudo bem... Estou me acostumando a assistir TV sozinho no sofá, então talvez eu possa ficar sem mais “alguma coisa”... Vai doer, mas já é hora de buscar “alguma coisa” em mim.