domingo, 29 de novembro de 2009

Tendencia a te pressionar

Sai de si, por favor, e vem curar logo este meu mal. Sinto que estou transbordando de carinho e gentilezas por você, e isso tudo parece que vai me consumir. Há este tal de abraço preso nos meus braços, bloqueando a energia de meus músculos. E há até um beijo, escondido, no pescoço, pra te oferecer. Há palavras de carinho e romance no meu peito, porta aberta pra você passar, flores no café da manhã, presentes que eu vi na rua e me fizeram lembrar de você, e eu insisto em matá-los um a um, antes que me façam materializá-los...

E em minha mente eu deixo seu som passar pelas barreiras do inconsciente, e te ouço rindo. Riso cristalino que me deixa mais feliz, como se o mundo ganhasse cor. E teu riso me faz lembrar fadas, vagalumes e estrelas. E uma rosa racha o botão e se abre em flor, por que teu riso despedaçou as barreiras que a faziam ser tão pequena na roseira. E meu coração vai junto, no mesmo embalo, se rachando e comprimindo, até se abrir com um riso meu também.

Anda logo e vê se põe um pouco de juízo em mim. Ou um pouco de juízo em nós. Ou que nossa inconseqüência se anule, e nos transformemos em um grande caos. Onde seus cabelos surjam em minhas mãos e minhas costas em suas unhas, e minhas palavras em sua boca e seus pensamentos em minha mente. Acho que foi aquele teu olhar na foto em preto e branco que me tirou do centro, ampliou minha mente pro mundo, e me fez ver mais do que eu poderia agüentar.

Você sabe que agora eu só quero um pouco mais. Não se preocupe, não vou querer tudo, pois não vou querer perder toda a graça da surpresa que me trará. Na verdade, pode vir de você só mais um pouquinho, desde que tudo isso seja só pra mim, pode vir sim. É que com este pouco eu vivo feliz e pleno. Satisfeito! Mas que seja só pra mim, sim!

Olhe só, como nossa mente parece crescer em encantos, como a noite que coroa nossa conversa. E que toda essa distância torna física a distância entre tantos outros sentimentos que tenho e que você... bem... talvez?! Mas deixa que tudo isso se divida em meio a todos os outros sentimentos, e sonhos. E deixemos que o sonho nos transforme e transforme nossa história... assim como me transformo, quando penso em você.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Um lugar ao Sol


Feito um lagarto eu me entreguei ao Sol nesta manhã. Acordei cedo o suficiente para vê-lo nascer, e refestelei-me sobre a pedra quente, para receber dos raios o calor. Sangue frio? Não mais. O arrepio em minha pele, com o vento da manhã, fazia surgir minhas escamas gastas de batalhas e galhos secos que me roçam. Quando vi o perigo aproximando-se, mudei de cor.

Meus olhos se viraram para fitar o céu azul, enquanto sentia pelo tato dos pés e mãos, as vibrações da Terra. Sentidos divididos. O prazer nunca concebido da dualidade dos sentimentos. Sim... eu pude sentir o amor e a carne, o fogo e o vento, o silêncio e o movimento, o homem e a mulher. Agarrei-me à árvore com minhas garras afiadas com tanta força, que a seiva escorreu entre meus dedos.

Cacei insetos, pequenas aves, anfíbios e outros répteis como eu. Sim, eu comi outros lagartos, também. Eu criei armadilhas ardilosas, pus iscas criativas, montei tocaia em sua sala de estar. E quando o suculento objeto do meu desejo se fez nu perante meus olhos, devorei vorazmente, como quem precisa armazenar sustento, para depois não fraquejar. Cavei um buraco para enterrar os corpos, mas dormi sobre eles também... para digerir melhor.

Como um lagarto, quando as coisas apertaram, me invertebrei. Torci meu corpo, minha mente e toda a alma para atravessar a pequena fenda. Ataquei com presas meus inimigos e lambi-lhes a carne com saliva venenosa. Beijei a boca dos vilões com meu sangue infectado para lhes transmitir a amargura da minha carne, afim de que desistissem de me devorar. Até larguei um pedaço de mim para trás para despistar os predadores... mas quer saber? Nem chorei!

Vai nascer outro pedaço no lugar.

domingo, 22 de novembro de 2009

Quelqu’un m’a dit

Estava ouvindo “Quelqu’un m’a dit”, da Carla Bruni, e me lembrei de você – não que eu esteja insinuando algo sobre a letra, que fala “alguém me contou que você me ama” (ou alguma coisa assim), mas é que o francês me faz lembrar de você de qualquer forma. É um desejo secreto meu – melhorar meu francês, e não você – e como você tem tanta relação com esta língua, a ligação é inevitável.

A verdade é que me perdi no meio do emaranhado de acontecimentos. Tantos bons, e tantos nem tanto. E estou caminhando num rumo que desconhecia até então. Por exemplo, a vida tem me arrastado para “fisicamente” mais perto de você, ao mesmo tempo em que sua terapeuta te orienta a me “afastar” de seu coração. O destino, às vezes, é meio sádico, não é?

Entendo que você esteja tentando se livrar de sua obsessão por mim. Acho isso importante, inclusive. Nossas teorias sobre nossos papéis em vidas passadas são tantas, que já não sabemos mais se temos uma amizade, um amor ou um kharma. Esta confusão toda entre suposições, fantasias e ilusões, esta mesclada aos acontecimentos reais, e isso deixa tudo mais difícil de desembaraçar.

Lentamente eu consegui, por exemplo, desligar o cordão que nos ligava. Hoje eu posso chorar de desespero no meu quarto, sem o perigo de receber um e-mail seu, no dia seguinte. Agora tenho um pouco de privacidade para sofrer, sem que você precise sentir aí, do outro lado do mapa. Talvez este seja o motivo de eu estar escrevendo isso agora... sem esta ligação, eu precisava fazer chegar às suas mãos esta mensagem.

Vou respeitar seu momento, sua necessidade de se desligar de mim. Embora meu afastamento inicial não tenha sido intencional... a vida me arrastou para outros caminhos, e quando eu parava para te escrever, alguma coisa me tirava do lugar. E assim fui vendo seu desespero com meu silêncio, sua raiva, até culminar em sua decisão. Então entendi: era o destino me fazendo te dar tempo para decidir alguma coisa.

É importante, mesmo, que organize sua mente e suas prioridades. Eu não posso mais ser um fantasma na sua vida, te impedindo de ser feliz como você escolheu. Então vá, que eu vou também – pra outro lado. Vá e seja feliz, pois eu estou tentando ser também. Viva bem e intensamente, que eu vou estar logo ali, cuidando de meus negócios.

Se te tranqüiliza saber, estou bem. Sem choro, sem sofrimento. Estou me cuidado, e caminhando. Sendo assim, dê paz para si. Me esqueça. E viva feliz! É tudo o que desejo para você.

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Veja bem meu bem, arranjei alguém chamado “Saudade”

Desapaixonado. É, desagradável, dói um pouco, incomoda. Mas é a realidade irrefutável. Estou “desapaixonado”.

Foram-se as flores, os desenhos, os passarinhos verdes. Adeus às músicas românticas, os sininhos na mente, os sorrisos bobos ao longo do dia. Nunca mais – por enquanto – os chocolates, os sonhos, as declarações. É triste dizer, mas acho que não terei mais tremedeiras, palpitações, suor frio nas mãos, bochechas rubras de timidez... nem a típica gagueira do nervosismo. Coração aquietou-se no peito e voltou a ser apenas um órgão vital, e não mais um centro energético que irradiava luz ao meu redor.

Não é que eu esteja sofrendo. Isso, não. Só fico chateado por quem perdeu todo o meu potencial como amante. Não é que eu seja assim, tão excelente... mas eu tinha tanta energia para gastar, e havia ficado tão feliz, que acho que seria capaz de chacoalhar o mundo de alguém. Talvez algumas pessoas se dêem melhor com o tédio. “Fazê o que”?

Agora voltarei a caminhar pelas ruas naturalmente, sorridentemente, apenas desejando felicidade pelo meu próprio dia (e não mais para o meu e o seu). Quem sabe não tropeço, num dia desses, num desses encontros casuais, em uma outra possibilidade de amor?

Não me deixes só.
Que eu tenho medo do escuro.
Eu tenho medo do inseguro,
dos fantasmas da minha voz.
Não me deixes só...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Eu não gosto de crianças

Todo mundo sabe que eu não gosto muito de crianças. Não é que eu não goste delas... acho que, na verdade, elas é quem não vão muito com a minha cara. Adoro crianças, quero ser pai um dia, mas sou obrigado a dizer que não gosto delas, pois é frustrante tentar brincar ou chamar a atenção, e receber apenas desprezo, ou um choro sentido, como se eu fosse machuca-las. Mas tanto faz...

Se tem algo que eu não goste mais do que crianças, são adultos infantilizados. Eles sim, são uns pés no saco!

Eles se recusam a entender os seus momentos. Eles não oferecem apoio. Eles são birrentos, briguentos e chatos. Eles não são capazes de olhar para você e compreender que talvez você precise de um amigo(a) para conversar. Eles nunca tem tempo para um amigo, apenas para seus problemas – que geralmente são fúteis e desnecessários. Eles são pessoas desnecessárias.

Não importa o que você diga ou faça por eles, faltará alguma coisa. Eles querem mais de você! Eles querem o brinquedo, o doce e o carinho que você deu pra outra pessoa – pois são invejosos, como crianças mimadas. E eles fazem bico. E eles esperneiam. E eles melindram-se. Ficam chatos, chorosos, revoltados com você. E por mais que seus argumentos sejam racionais... eles querem manter o climão “ninguém-tem-paciência-comigo”.

Adultos infantilizados são reizinhos e rainhazinhas. Eles julgam, mandam, ferem, ordenam decaptações... por puro capricho. São caprichosos demais.

Adultos infantis viram a cara, batem o pé, e não voltam atrás. Eles não aprenderam o bom senso, a humildade, ou pelo menos o pensamento estratégico que a maturidade concede.

Só um aviso para os adultos infantilizados: Peter Pan não existe! Você envelheceu sim, não é mais um adolescente. Comporte-se como tal.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

“Me desculpe o auê. Eu não queria magoar você...” (Rita Lee)

Eu ia escrever uma frase, que sei que é uma frase clichê, e sinceramente, não consegui pensar em nada mais adequado. Na verdade é uma frase adequada, mas por ser clichê, eu não queria coloca-la aqui... Sabe como é, né? Maldita obrigação (geralmente auto-imposta) de ser criativo, inovador etc. E até isso é um clichê entre nós publicitários.

Engraçado, entrei no assunto sem querer, pois eu ia justamente falar dos “papéis” que assumimos durante nossas vidas. Os diversos personagens em que nos transformamos ao longo da história, e como isso se reflete naquilo que chamamos de destino. Repare que aqui eu atribuo ao termo “destino” o significado de “resultado da equação chamada vida”. Ou melhor, como um efeito de nossos próprios atos, e nada daquela coisa de predestinação, “estava tudo escrito” e bla bla blá whiskas sachê.

Porém, como papéis, eu não me refiro necessariamente à mentira, aos personagens que inventamos, à falsidade em si (e isso me lembra que ainda não falei a frase, né?). Refiro-me sobretudo aos papéis que ocupamos, sem querer, ao longo da vida. O filho, o marido, a amiga, a confidente, a vítima, o algoz etc.

O que conto agora tirei da minha própria vivência, por exemplo...

Acostumei-me a ser compreensivo, pacífico, amigo e confidente. A “maldita” educação que mamãe me deu, me impede de soltar cobras e lagartos, falar palavrões nos momentos de raiva (embora eu fale um monte deles em outros momentos), ou de dizer um simples “não”. Não sei fazer isso! Estou sempre disponível, sempre pronto, sempre sorrindo para ouvir os problemas alheios, me preocupo, me entristeço e sofro junto de meu interlocutor para resolve-los. Eis que surge a questão: e quem ouve os meus? Serei eternamente dependente de um terapeuta?

Para a maioria das pessoas acabo transmitindo uma imagem de sabedoria, paciência, reflexivo. No momento de maior desespero (ou de banalidade), essas pessoas sabem que podem contar com meu colo, meu ombro, meu sorriso. E assim eu vou arquivando problemas alheios em meus bancos de dados, e sofro com eles. E assim construo uma figura forte e inabalável, sempre de pé, sempre a postos!

Dessa forma, acabo “me proibindo” de demonstrar fraqueza para algumas pessoas para as quais sirvo de apoio. Ou não demonstro tristeza para aquelas pessoas que contam com a minha animação. E não demonstro raiva ou inquietação para aquelas pessoas que precisam de minha calma... esse é meu papel dentro da vida delas, e eu “não posso” sair dele.

Eis que, as vezes, algumas pessoas me confundem. Se mostram amigas, mas que não podem ouvir meus reclames, me oferecer o mínimo de apoio. Se mostram prestativas, mas não tem a mesma paciência comigo, que dispenso à elas. São pessoas que fingem um papel, que encobre o papel real, e me fazem agir de forma irresponsável com o papel no qual me inseri. E assim as relações se quebram.

Como diria minha irmã: “É por razões óbvias que a gente escreve...”. E me desculpem, mas até esqueci qual era a frase que eu (não) queria citar... melhor assim.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

“Não sei o nome, mas é aquela flor que tem um monte de pelinho que voa”

Viver a vida é uma arte. E eu não estou me referindo àquela novela das 20 horas (que começa por volta das 21 horas). Digo que quem sabe viver efetivamente a vida que tem, é um artista. É um Mozart da existência. E digo mais: quem sabe fazer isso, tira da vida o que ela pode oferecer de melhor, sem se preocupar com isso. Acontece naturalmente.

Para meu completo desespero, sou do tipo controlador. Aquele cara que PRECISA saber o que está acontecendo ao redor. Que fica tenso se alguma coisa não acontece perante sua insistente vontade ou ação. Por isso, não preciso dizer o quanto me frustro na vida, certo? Nem tudo aquilo em que acredito é fixo. Nem tudo aquilo que controlo será submisso para sempre. Nem toda a força que tenho será minha...

Atualmente me sinto como uma criança, sendo arrastada por um supermercado. Meus braços curtos as vezes quase alcançam aquele chocolate delicioso na gôndola... mas uma força estranha, que me leva a cantar, me arrasta abruptamente para a próxima gôndola. E quando me refaço do susto, vejo um novo produto que me interessa, e estico os braços na mesma proporção em que abro um sorriso... e a força me puxa outra vez, para a próxima gôndola.

É como se eu fizesse planos pra vida. Gastasse energia e cérebro para coloca-los em prática. Chegasse bem perto daquilo que queria... e então a vida simplesmente acontecesse, indiferente a estes planos, me arrastando para onde ela bem entende. Como se eu fosse uma semente de dente de leão, soprada por uma criança traquina, só pra me ver ser levado e cair... e fecundar o solo... onde a natureza quiser...

Crescer, florescer, virar semente novamente, e ser levado pelo vento... incessantemente. Isso cansa.

Nota: Desculpe. Estou meio sem chão para comentar os comentários hoje. Obrigado!