segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

De que lado fica a alma quando dorme?

No começo é só um arrepio que pega a nuca desprevenida e desce pela coluna, irradiando para as laterais do corpo, ombros e braços. Pode vir acompanhado de um pequeno tremor, sacolejando todos os músculos do corpo, como num pequeno susto... ou como quando a gente dorme e sonha que está caindo.



Depois, começam a surgir as sensações de presença. Uma energia, uma vibração, que faz com que você olhe para aquele canto vazio da sala, repetidas vezes, na esperança de que vai encontrar o que quer que esteja ali. E nunca há nada.

Repentinamente, todas estas sensações são acompanhadas de um ligeiro vislumbre de um vulto, ou uma imagem esfumaçada, semi-transparente, de alguma coisa que visualmente você não pode identificar. E o pior: sua mente consegue dizer todos os detalhes que seus olhos não vêem.

Após este estágio, a visão se torna clara. Som, cheiro, imagem, tudo em Full HD. As vezes, até o cenário se modifica, ou a visão se torna dupla: uma parte vê o plano, a outra, vê o outro lado. E assim você começa a achar tudo muito natural...

Eu vi o negro que protege a casa se abaixando do meu lado, para ouvir a história da Tia. Eu vi o boiadeiro alto e magro, que trás notícia e orientação, surgir na cozinha para lembrar todo mundo de fazer algo importante. Eu senti a Mãe me abraçando, quando de frente pro rio eu citei seu nome, e como toda criança, chorei até cair de sono.

A vela está queimando há exatos 7 dias. Toda noite eu sinto a Mãe entrar no quarto, e me cobrir com um manto que não é real. Ela senta do meu lado e se lamenta pelo sofrimento que eu mesmo inflijo a mim, com este coração deslocado que eu tenho. Mas no fim, ela me diz que é assim mesmo, e vou ser assim, talvez, pra sempre.

E toda noite eu peço a ela que me ajude a resolver este enigma. Mas parece que ainda não dá... ou não há mais nada pra resolver.

Será que “O que não tem remédio, remediado está”?

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