quarta-feira, 16 de junho de 2010

Um monte de coisas que estavam aqui

Autosuficiência

Ser a arma, a bala e a roleta russa. O ato e o fato em si.
Ser vítima e a causa mortis. O assassino e a misericórdia.
Ser quem é, e mais alguém que lhe sustente.
Ser por si o que não podem ou não querem ser.
Ter mais força que apenas um.


Bel Prazer

Basta seu olhar e minhas mãos transpiram loucamente.
Voam, desesperadas, as borboletas em meu estômago.
Sua mão levemente repousa sobre meus ombros,
e como ordens incontestáveis me poe de joelhos.

Você me abraça, sinto o toque de sua pele ao redor do meu corpo.
Sinto o peso de seu corpo sobre meus músculos.
E meu suor fatigado me faz sentir que só sirvo para servir aos seus propósitos,
até egoístas, que exigem cada vez mais...

Assim as horas deslizam entre as fibras da carne como espada afiada.
Sem ferir ou chorar, o golpe consola a alma inquieta e desejosa.
Insolentes, as línguas invadem as bocas das quais não pertencem,
e dançam, loucas, despertando o demente, maldito e criativo sentimento,
que gera vontade e impulso em ser um só com você.

E quando você se afasta, como quem não se importa ou não quer mais,
é quando mais me desespero e me aguço.
É quando uso todo meu talento pra te cativar, antes que desista de mim.
É quando mais brilho e me divirto, ou mais sofro e morro.
Tudo isso, pois você já sabe que tem o dom de impor a ordem em mim.

Me torno o pedaço da vida que você mastiga, suga e degusta.
São pernas, mãos, braços e lábios que se partem e abrem,
com olhos apertados e gritos abafados.

Sei que sou um preço alto, mas vai por mim: bem pago!
Penso que é por isso que me deleito em seus cabelos, surpreendendo a mim mesmo.
E vocÊ, que sempre manda, ainda há de se ver obedecendo.
É aí que meu jeito coadjuvante roubará a cena, virará o jogo.

Até lá, estou ardendo em febre, sem querer me curar.


Eu sinto muito

Eu sinto muito, e não tenho como ser diferente. Pois quando sinto, não apenas tenho o sentimento. Eu o vivo tão intensamente, que me torno ele, mesmo que meu rosto esconda-o dentro de mim, para ninguém perceber. Mas atualmente não consigo mais separar o bom senso do meu lado emocional. Tudo o que tenho que sentir, simplesmente descarrego em minhas expressões, e sem querer “dane-se” quem estiver por perto.

Se me der tristeza, vou chorar com a expressão de quem sente uma dor excruciante. Não terei medo de que me olhem, ou me achem fraco demais, por chorar tanto assim. Vou simplesmente lavar a alma, cuspir cada mililitro do fel que estiver dentro do meu peito, e ninguém mais vai ser capaz de me parar. Até limpar a alma.

Se me der felicidade, vou chorar com a expressão de quem viu um anjo. Não me importo mais de parecer um bobo, feliz, que sorri o tempo todo e para todo mundo. Não ligo se me acharem estranho por estar tão otimista em tempos de guerra, ou tão divino em tempos de destruição. Vou sorrir e rir tanto, que meu estômago vai doer, e meus pulmões falharão... então eu paro, inspiro profundamente, me recupero, e começo tudo outra vez. Até preencher a alma.

E se me der prazer, vou me deleitar como quem não teme o inferno, que é para onde vão os luxuriosos. Me derramarei no hedonismo de minha essência, e deixarei que meu corpo dite as regras do que me faz bem. Se tiver que gritar, gritarei, e minhas mãos procurarão algo por perto para apertar. E de punho cerrado, vou esmurrar a parede ao meu lado, como forma de descarregar todo o prazer que não couber mais no meu sistema nervoso. Vou me entregar completamente. Até gozar a alma.

E quando eu amar, não vou me calar. Não posso passar o resto da minha vida temendo o sentimento mais puro e divino que pode existir. Amar não é pecado, ou errado, ou arriscado, não. Mesmo que não receba isso em troca, vou amar até minha vida perder o sentido se não estiver ao lado de quem amo. Vou entregar minha felicidade em uma bandeja, feliz da vida, em ver que outra pessoa estará com ela em mãos. Por que, pra mim, ser feliz não é estar bem, com tudo bem... é amar alguém! Até a alma.


Abraço Apertado

Um abraço a todos aqueles que forem disso. A todos aqueles que entendem a explosão sincera que parte do peito, dialoga com os músculos e transcende a gente, nos fazendo abrir os braços e o peito para receber alguém. Quero desejar o abraço, por que ele conforta, protege, e transmite pelo sistema nervoso, expressado na flor da pele, toda a energia que temos para o outro. Abraçar é uma forma de recarregar as baterias depois de um dia fatigante de trabalho. O abraço é uma forma de mostrar que o mundo do lado de fora não vai entrar, e o ninho onde se está é seguro.

Eu não vivo sem abraço. Quando fico sozinho, não é o medo que me atormenta, é a solidão. Por isso eu toco em todos aqueles que amo e quero bem. Se caminho ao lado, coloco minha mão no ombro, não mão, no braço... quero segurar as pessoas que gosto, para que minhas mãos se lembrem sempre da pele e do calor.

Tocar é tão essencial, que os bebês que não são tocados pelas mães são fracos. As crianças que não são afagadas, ficam violentas. Os adolescentes que não recebem abraços, ficam medrosos. E os adultos que não abraçam ficam frios, distantes e velhos...

Um abraço apertado é uma forma de expressar o quanto queremos bem. E receber um desses, é um dos poucos momentos em que podemos nos sentir mais frágeis e nos lembrar da nossa condição como humanos. Como pode alguém não gostar do abraço, se no fim, desejamos estar nos braços amorosos do Pai?

Quem tem medo de abraço, tem medo de se conhecer, medo de gostar e perder, medo de perceber que se pode ser fraco por cinco minutos e conquistar o mundo logo depois. Quem não gosta de abraço perde tempo, perde vida, perde força, fica sozinho.

Geralmente, gente assim, quer ficar triste pro resto da vida e reclamando da própria falta de sorte. Quer platéia e espera ansiosamente que alguém venha abraçar. Mas quando isso acontecer, vai negar, por que acha bonito ser triste.


Educação Sentimental

Sei quem eu sou e sei como posso ser. Sempre me vangloriei de me comportar da maneira correta em todos os momentos. Mas desde que vi você, virei do avesso.

Tenho tudo ensaiado para te conquistar. Sei quais palavras devo dizer, o que fazer, quando fazer e como te fazer compreender o que penso e sinto. Mas quando te vejo, falho, travo, e faço cada coisa estúpida que depois me pergunto: “como pude ser tão idiota?”. Me sinto idiota perto de você... bobo... sem corte... completamente fútil e vazio.

Não sei o que fazer pra te agradar, te divertir, te preencher. Exagero muito, eu sei, tentando te agradar, mas poxa... basta demonstrar que estou sendo eficiente ou não, e juro que paro com isso. O que me desgasta é não saber o que você sente, se está bom de verdade, ou se está apenas me aproveitando.

Quem sabe, se me der a resposta, não vai conseguir extrair de mim o que tenho de melhor? E eu, finalmente, poderei voltar a ser eu... “o tal”.

Um comentário:

Pimentinha disse...

Não precisa esperar uma resposta, pq respostas as vzs vem tarde d+. Melhor voltar a ser o que é.
p.s.: Me vi nesse texto.
bJUH