segunda-feira, 17 de maio de 2010

Parto do Princípio (ou Fobia do Começo)

Não. Geralmente quando começo alguma coisa, parto do meio pra frente. Não gosto do princípio, do início, do terreno novo, do começo. Sou incrivelmente resistente às mudanças e morro de medo dos perigos da largada. Por isso gosto de entrar nas coisas quando elas já estão encaminhadas por outras pessoas, onde eu apenas pego um bonde andando e tento manter a direção ou melhorar o caminho. Mas “começar” nem sempre foi algo que eu tenha escolhido fazer...

Desde que me conheço por gente, nunca comecei nada. Sempre fui pego de surpresa por algo que havia tido seu início antes, e veio pra cima de mim. Nunca gostei de começar coleções de figurinhas, exemplares de revista, CDs, nem comecei a assistir séries de TV... pois das novelas que comecei a assistir, não vi o final. Eu nunca terminei nada do que comecei, por isso tenho medo de começar.

Por isso sempre tive medo de começos. Prefiro a segurança da rotina, onde você não precisa ter medo do que vem amanhã. Você sabe que é a mesma coisa que aconteceu ontem, e hoje também. A rotina nos dá segurança, paz de espírito. Basta manter diariamente o que já está bom. Acho que é por isso que eu atropelo fases, leio revistas de trás para frente, e sempre perco o começo dos filmes. Quero ir direto pra onde eu me sinta confortável.

Entretanto, em tudo aquilo em que eu entrei, mas já estava caminhando de alguma forma, consegui contribuir significativamente. Participei com empenho e dedicação, e muitas vezes fui elogiado pelas transformações que proporcionei. Para mim sempre foi mais fácil dar continuidade e um bom final, do que começar algo.

E no meio do meu caminho, eis que surge alguém que me pede pra ficar tranqüilo, e curtir as coisas desde o começo. Que desespero me deu. E se, como nas outras vezes, eu não conseguir manter o que comecei? E se eu perder tudo o que comecei, por que não sei dar continuidade naquilo que dou início?

Eu não parto do princípio, pois gosto do meio. Quero ir direto para a segurança, confiança plena, onde já se conhece tudo e todos, e não se tem mais o que temer. Se querem que eu comece do início, vou precisar de apoio... vou precisar de alguém pra me guiar até a metade do caminho. De lá em diante, pode deixar comigo, é que ali é meu terreno, e à partir daquele ponto eu tomo conta, e nada vai ter que acabar!

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