terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Unicórnios no meu jardim


Fernando Pessoa é quem tinha razão. Sinto-me tal qual seu pensamento, e vejo hoje que o que há ao meu redor é, também, do mesmo jeito que o poeta descreveu. Não importa o quão perfeito sejamos, o quão românticos sejamos, o quanto a felicidade nos seja um dom nas mãos pronta para ser entregue a quem deseja... somos uma jóia rara – e me desculpem a falta da modéstia – que ninguém consegue observar.

Hoje acordei e olhei pro meu jardim com um sentimento de tristeza. Lá estavam todas as flores, brilhantes, pulsantes e cantantes. Borboletas púrpuras e turquesas polinizavam as belas orquídeas de quase um palmo de tamanho. O perfume era agradavelmente inebriante. E junto dos pequenos anjos que as regavam, vi pequenos unicórnios alados, felizes, beijando as flores com seus chifres mágicos.

Parei por um instante na beirada do meu jardim, com meu All Star vermelho xadrez, e me lembrei de como as pessoas “estranhas” como eu são raras. Fitei os unicórnios e os anjos e pensei: onde estão aqueles que podem contemplá-los? – e me entristeci. Esta é uma vida solitária, ser feliz. Não é todo mundo que está preparado para o sorriso matinal, a gentileza cotidiana e o otimismo ao longo da vida. Não é todo mundo que poderia ficar bem, transpondo os mais altos obstáculos da existência, sempre com êxito excepcional.

Às vezes penso que o mal da sociedade é estar triste, por vontade própria. É uma pena... Eu queria tanto alguém sentado ao meu lado enquanto vejo estes unicórnios. Às vezes eles fazem tanta palhaçada, que choro de tanto rir.

Um comentário:

Cáh disse...

E no meio de tanta gente eu encontrei você, entre tanta gente chata e sem nenhuma graça, você veio... * E eu que pensava que não ia me apaixonar, NUNCA mais na vida....*


beijooo