quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Stairway to Heaven

Ela havia brigado com a melhor amiga e passava por um longa e pesada crise existencial. Depressão profunda, talvez. A pobrezinha não tinha mais com quem contar e as poucas pessoas com quem tentava (sem sucesso) se abrir, não a compreendiam.

Ele planejava entregar um anel de casamento à mocinha. Planejava se mudar para a casa dela, com todas as suas roupas. Isso exigiria uma armário maior, já que suas camisas ocupariam quase todo o guarda-roupas dela. Além de que ele precisaria daquele cômodo onde ela guarda tranqueiras de seu passado... ele era um profissional, precisaria de um escritório digno!

Para se redimir com o mundo, e encontrar o caminho de volta do fundo do poço, ela decidiu fazer caridade e ter compaixão. Ajudou o próximo mais necessitado e indigno, oferecendo conforto, calma, paciência e atenção. Deu a ele bons momentos, benevolência. E o acompanhou, para dar apoio, até sua execução... Era condenado à pena de morte.

Enquanto isso, lustrando a aliança, ele foi até tribunal, de onde ela deveria sair em pouco tempo. Não entendia porque ela tinha que fazer aquilo, mas enfim. O que interessava era o casamento. E ela saiu do local aos prantos, se sentindo pior do que quando entrou. Ela dizia que tentou mostrar compaixão, mas foi horrível! Foi carga emocional demais para ela, e se culpava por não conseguir agüentar ser “boa” por muito tempo.

Ele não entendeu, naturalmente, mas a abraçou e a levou até a melhor amiga. Enquanto ela aguardava aos prantos no carro, ele desceu, tocou a campainha e a amiga apareceu. Ao ver de quem se tratava, e que sua “ex-melhor amiga” estava no carro, fechou a cara. Mas ele insistiu. Só ela poderia compreendê-la e acalmá-la. E assim a amiga fez.

Foi de pijamas até o carro, sentou ao lado dela, e começaram a conversar. Enquanto isso, ele esperava do lado de fora, num banquinho. Deixaria o pedido de casamento para um momento em que ela não estivesse “tão” deprimida. Sabia que tinha feito a coisa certa.

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Quem sabe como proceder, quem procurar, onde buscar ajudar para uma outra pessoa? Por que todo mundo acha que pode resolver os problemas alheios? Quem, hoje em dia, é tão generoso e cuidadoso com os sentimentos alheios? Quem tem tamanho desapego e costuma se lembrar que outras pessoas têm sentimentos?

Isso não existe. Existe?

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